Majestoso Cacilheiro
No teu velhinho roteiro
Vais de Lisboa a Cacilhas
Sulcando as águas do Tejo
Quando viajo em ti vejo
De Lisboa as maravilhas...
Logo que do cais desfilas
Gozo as águas tranquilas
Do Tejo teu namorado
E ali quase de fronte
Vejo a imponente Ponte
Como um pedaço de fado...
Vejo a margem ribeirinha
Que de Lisboa é rainha
Vejo o Castelo e a Sé
Vejo a Praça mais robusta
O Arco da Rua Augusta
E vejo o Cais do Sodré.
Entre muitos monumentos
Eu vejo os Descobrimentos
E a Torre de Belém
Cacilheiro tens nobreza
Por nos mostrares a beleza
Que a nossa Lisboa tem !...
Às vezes a dúvida nos corrompe
Nossos sonhos são devastados
Nossa consciência é inundada
Nossa história passa a ser confusão
Nossos atos se tornam dispersos
Nossa fórmula perfeita é quebrada
Nosso senso de amor próprio é desfeito
Nossa vida é estraçalhada
Repartida em tantos pedaços
Que aparentemente com toda força do mundo
Não seremos mais capazes de reverter
A situação na qual nos encontramos
Às vezes a aflição teima em fazer morada
Sentimos a solidão em nós
Mesmo que algumas pessoas
Ou mesmo que aquela pessoa especial
Por algum momento nos faça companhia
Não encontramos uma estrutura capaz de nos suportar
Não encontramos um ombro capaz de nos acalentar
Nem um beijo milagroso que nos faça ressuscitar
Não encontramos uma mão amiga
Ou um peito carinhoso para nos consolar
O carinho se torna inóspito em nossa alma
Às vezes as amizades se distanciam de nossa vida
Nos tornamos sós mesmo com a pessoa certa ao nosso lado
Nos sentimos culpados mesmo que não tenhamos culpa
Tentamos mudar o mundo onde ele não pode ser mudado
Tentamos acabar com a dor e com o sofrimento dos outros
Quando não conseguimos entender nossas próprias dores
Às vezes somos apenas vítimas
E pensamos que somos os agressores
Deixamos de viver para fazer alguém feliz
Nossa felicidade não importa
Nossos sonhos podem ser esquecidos
Nossos desejos amordaçados
Nossas sensações extintas
Às vezes tentamos carregar todo o peso do mundo
Mesmo sabendo que nossas costas não aguentam
Tentamos fazer que o sofrimento que nos cerca
Seja apenas nosso
Somos egoístas e não sabemos
Não sabemos a hora de parar
Não compreendemos a hora de recomeçar
Tentamos ficar estáticos enquanto a vida é dinâmica
Tentamos parar o tempo
Quando é ele que nos faz parar
Tentamos ser milhares quando só podemos ser um
Tentamos e logicamente não conseguimos
A solução não é a fuga
Mas o esclarecimento
Não é a raiva
Mas a compreensão
Não temos tempo para realizar tudo que queremos
Mas podemos fazer que o esforço seja recompensado
Sendo justos com nós mesmos
Sabendo que não existe perfeição
Que a dor é um dos sinônimos da vida
Assim como o carinho
A felicidade
A renovação
E o tão sonhado amor
Temos que crer nisso
Pois só assim conseguimos sobreviver
Pois só assim somos humanos
Cada um é responsável por sua felicidade
E embora não desejemos mal a ninguém
Muito menos o nosso sofrimento
Há momentos na vida que infelizmente causaremos dor
Isso é inevitável
E ainda bem que existe esta inevitabilidade
Pois sem ela não conheceríamos o sabor da felicidade
O prazer do bem estar
O entusiasmo da paixão
A embriaguez do amor
Devemos pensar assim por vários momentos
Toda vez que pararmos para rever nossa vida
Devemos acreditar que podemos ser felizes
Mesmo sabendo que nem todos conseguem
A felicidade é algo estritamente pessoal
Não depende necessariamente de ninguém
Apenas de nós mesmos
Podemos acreditar nisso
E tentar conceber nossa vida
Pois é assim que ela nos constrói
Através do sucesso e da derrota
Da luta e por fim da vitória.