Segunda-feira, 29 de Junho de 2009
Louco por um dia (Frank Oliveira)
Deixe-se ser louco por um dia,
Faça o que te dê na telha.
Grite, chore, cante, sorria,
Permita-se ser quem você queira.
Escute o silêncio da pedra,
Conte segredos ao vento.
Abrace uma árvore sem pressa,
Roube o ponteiro do tempo.
Pois a noite sussurra aos loucos
A linguagem das estrelas,
Que observam do topo
Gente normal fazendo besteira atrás de besteira.
Então, deixe-se apenas ser louco,
E não ligue para o que o outro acha ou sente.
Façamos algo só pelo prazer de sermos quem somos,
E não o que fizeram da gente
A vida passa rápido, é curta.
E acabamos trocando a criança
Com vontade de correr gritando na rua,
Pelo adulto com vergonha.
Terça-feira, 23 de Junho de 2009
Libélulas são fadas
A libélula de espírito correto ...
Nem parece ser um inseto !
No fundo , ela é uma fada ...
Uma moça alada !
Ela é uma fada encantada ...
Eternamente apaixonada !
Ela encanta qualquer sujeito ...
Com o seu corpo perfeito !
Suas asas são sedas transparentes ...
Mas , muito ardentes ...
Por causa das paixões quentes ,
Proibidas e frementes !
Libélulas nascem nas lagoas radiantes ,
Cintilantes , brilhantes ...
E raras como diamantes !
Uma simples libélula ...
É uma doce pérola ...
Cultivada no amor ...
Com muito ardor !
Toda libélula lunática ...
Tem uma vara mágica ,
Que realiza qualquer fantasia ...
Em plena harmonia !
Libélulas são ninfas fabulosas ,
Misteriosas e formosas .
(Luciana do Rocio Mallon)
Sábado, 20 de Junho de 2009
O Tempo (Paulo Esdras)
O segredo do tempo é consumi-lo sem percebê-lo.
É fingir-se infinito para não o vermos passar
É fazer-se contar em anos em vez de momentos
Relógio, despertador, cronômetro, calendário
Tudo engodo para imaginarmos prendê-lo, controlá-lo
Ampulheta, único instrumento sincero do tempo
Regressivamente, nos impõe a gravidade
De haver realmente um último grão
Riscando na areia a nossa fragilidade
Mas o tempo é imparcial
Não distingue rico de pobre
Preto de branco, homem de mulher
Devora-se sem escolhas
Matar o tempo é matar-se sem sentido
Perdê-lo é viver em vão
Faz-se devagar nos maus momentos
Depressa quando o queremos
Ponteiro invisível da vida
Peça necessária do fim
A sua fome é insaciável
A sua vontade é determinante
A sua procura é unânime
Se esconde nas sombras que se movem
Nos objetos que não mais servem
Nas pessoas que nunca mais vimos
Na podridão das frutas que não foram colhidas
Nas lembranças já esquecidas
Revela-se nas fotos que se desbotam
Nas cartas que amarelam
Nas crianças que crescem
Nas rugas que aparecem
Deixa-nos a esperança de Pandora
Nas ações dos que virão
No nascimento dos rebentos
Domingo, 14 de Junho de 2009
Rir é O Melhor Remédio (gargalhada)
“O segredo dessa vida é alegria
Que uma simples gargalhada pode dar
Rir é o melhor remédio
Pra acabar com o tédio
Quem não vai gostar
A tristeza vai ficar lá fora
E você levanta o seu astral
Dando uma gargalhada
Que não custa nada
É sensacional
Tá sempre jovem quem adora dar risada
Não tá com nada quem só sabe resmungar
Vive feliz quem faz sorrir a criançada
Com bom humor o mundo pode até mudar
Viva a alegria
Viva a palhaçada
Viva o bom-humor
Viva a gargalhada
Hi, Hi, Hi
Ha, Ha, Ha
Que, Que, Que
Qua, Qua, Qua, Ra, Qua, Qua”
Sexta-feira, 12 de Junho de 2009
Corações
Dois corações se quebram, se partem, ao perceberem que juntos não mais se satisfazem. Um nota que o outro não está dando carinho como antes. O outro nota que o jeito do olhar está diferente. Os dois se calam. Longo silêncio. Tudo continua como se nada estivesse acontecendo. Mas os corações sabem que as coisas não estão normais. Os dias passam, as noites em claro demoram a passar, os pensamentos fervem, as lágrimas caem do olhar; e nada se resolve. Como contar? Um coração não bate com a mesma intensidade de antes... O outro também não. Tudo é muito confuso. O beijo se torna vazio, o abraço frio, o olhar seco. E o silêncio atrapalha, a verdade e o medo incomodam. A dor. A tristeza. Como contar? Esse momento chegará, sim, e será duro como um momento no inferno. E as lembranças... não se apagarão. Nunca. Dois corações que durante tanto tempo juntos encontraram dias de intensa felicidade, agora, separados, encontrarão dias de intensa agonia. Estar sozinho nunca é bom, e a solidão dói. Hoje, nessa noite tão escura, um dos corações (o meu) toma coragem para dizer. Mas não liga. Prefere apagar a luz, dorme , sonha. E acorda, no meio da madrugada, com a lua vagando pelo céu. Chora, chora muito este pobre coração. Vê que esse sentimento não tem fim. É apenas uma crise, um momento, uma fase. E passa. E é exatamente nessa mesma noite que o outro coração (o dele), também chora muito. E também descobre que o sentimento é eterno. E amanhã, esses dois corações voltarão aos velhos tempos, e terão momentos de intensa felicidade. Por que se amam. ( De Izabella Marcatti Camisasca) |
Sexta-feira, 5 de Junho de 2009
Príncipe da Poesia
PRÍNCIPE DA POESIA é o soneto que nosso amigo poeta participará este ano nas celebrações do dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo. No dia 10/06/2009, Euclides Cavaco estará recitando junto ao túmulo de Luís Vaz de Camões, Príncipe dos Poetas do seu tempo.
· Há mais de 200 nações no mundo mas só duas possuem poemas épicos sobre a sua História: a Grécia e Portugal.
· Homero (Grécia): Escreveu dois poemas épicos «Ilíada» e «Odisseia», sobre o povo grego. Era cego.
· Camões (Portugal) - que também ficou cego do olho direito - escreveu o poema épico «Os Lusíadas», que quer dizer «Os Portugueses», descrevendo quatro séculos da História dos Portugueses. São 8.816 versos e cerca de 55.000 palavras.
Ó! sublime Príncipe da poesia
Que epicamente cantas a nossa história
Na epopeia que pomposamente concilia
As proezas duma raça, tão notória!…
Foste herói de passado turbulento
Por amor à Pátria, lá longe foste soldado
Bendito sejas tu no "etéreo assento"
Por tão digno padrão nos teres legado.
Divina e excelsa foi a tua inspiração
Perante a qual se rende um povo inteiro
E te venera com a maior gratidão !…
Foste amante de mil amores, aventureiro
Mas a mais terna e íntima paixão
Foi para ti a Pátria, amor primeiro !…
Terça-feira, 2 de Junho de 2009
O amante (José Geraldo Martinez)
Eu te espero, senhora,
Devasso, louco e santo,
Com minhas tantas auroras
despertas com meu pranto!
Sou, de ti, amante!
Aquele que guardas secreto,
no coração…
Sou para muitos, um errante,
vendedor de pura ilusão!
Mas, o que há de ser a vida ,
Se não um grande picadeiro
circense…
O que há de ser o corpo que te entrego,
Se amanhã a morte o leva, de repente,
Como há de levar teu gozo…
Teus murmúrios e gemidos!
O teu trajar glamuroso,
a esconder teus seios atrevidos…
E, por que choro, em tantas auroras?
É por ti, cujo mundo cobra tanta postura!
Quando te lembras, vais embora…
Em tua via-crucis, à clausura!
E, não voltarão os minutos desperdiçados,
Nos momentos de nossa separação!
Apenas as lembranças de nossos corpos suados,
entregues ao frescor do chão…
Ainda que tu não saibas,
seremos de toda uma sociedade,
os culpados!
Mesmo que tu não creias,
Por estes homens julgados!
Se ainda duvidas,
cuidado!
Neste século, ainda dos brutos,
Apedrejados!
Ainda assim eu te espero,
em minhas auroras perdidas…
Apesar da tua inconstante presença!
És tu, afinal, que o santo profana
e teu corpo o amante,
reinventa!