"Quando as andorinhas, bailarinas ligeiras,
dançam no ar, coloridas pelos
últimos raios do sol poente,
o suave calor da primavera anuncia a chegada
alegre das flores e da renovação da vida.
Arrebentam-se as fendas dos
velhos muros e morros cansados,
deixando que os
vegetais surjam em variado verdor
e os campos largos se exibam com matizados
em festa inigualável.
As mãos mágicas do Celeste Pintor
saem derramando tintas e perfumes
embriagadores em todo lugar,
confirmando seu inefável amor pelas Suas
criaturas.
Os córregos cantam com as águas apressadas e as cachoeiras arrebentam
cristais nas pedras resignadas,
que os recebem felizes.
Há uma revolução geral, e os dias frios partem,
deixando as lembranças
tristes sepultadas sem saudades.
Revoadas de aves alegres, incessantemente,
bordam os céus com imagens
sucessivas de beleza incomum.
A primavera é o otimismo
da natureza cantando o poema da estesia de Deus.
Enquanto se repita, a aliança
de amor permanece entre o homem descuidado e
seu Pai zeloso, sustentando a esperança.
Apesar disso, muitas criaturas desanimadas,
deixam de fitar a claridade do
dia primaveril, mergulhadas na noite
das suas paixões.
Preferem olhar o chão onde permanece o lodo,
a contemplar o alto onde
fulguram as estrelas.
Por isso, tornam-se torpes, amarguradas,
perturbadoras.
A vida humana, qual ocorre com a da natureza,
passa por quadras variadas que
se sucedem em ordem de grandeza,
servindo uma de base à outra,
indispensáveis à harmonia de conjunto.
A noite, que convida ao repouso, enseja a reflexão para o dia, que propicia
a ação.
O inverno, que parece destruidor,
também enseja a preservação da energia,
que estrugirá em vida na primavera.
A criatura humana é o mais grandioso
investimento de Deus, na Terra, e ser
otimista quanto ao futuro,
mesmo que haja dificuldades no presente, é o
mínimo que lhe cabe, como afirmação
da sua realidade e gratidão ao seu
Genitor.
Quem pretende conservar tristeza no coração,
encontrará sempre motivos
falsos para sustentá-la, acalentando a queixa,
cultivando a desdita e
nutrindo-se da insatisfação.
O otimismo é gerador de adrenalina emocional,
que estimula o sangue,
impulsionando ao avanço,
à alegria fomentadora da ação.
Cultivando-o nos sentimentos,
adquire-se visão para penetrar o lado oculto
ou sombrio das ocorrências e entusiasmo
para não desfalecer ante os
primeiros insucessos da marcha,
prelúdios das vitórias futuras.
Quem não possui capacidade
para sustentar com valor os embates malogrados,
não tem condições para viver as grandes
e decisórias batalhas.
Nos céus dos que amam
e confiam em Deus com otimismo, sempre haverá
andorinhas bailando em prenúncio de gloriosas primaveras."
***
“O homem deve impor-se a tarefa
de abrir janelas de otimismo nas salas onde
dominam tristezas e arejar esconderijos
pestilenciais de pessimismo mediante
o aroma da esperança”.