Não precisa bater quando chegares.
toma a chave de ferro que encontrares
sobre o pilar ao lado da cancela e abre
com ela a porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa
o cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite vagarosa desça.
Cheiram a relva e sol, na área, nos quartos,
os linhos fartos, e cheira a lar o azeite na candeia.
Dorme, sonha, desperta.
Da colméia nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela e vai.
Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás
quando tomares o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha e esquece.
(Guilherme de Almeida)